sábado, 19 de dezembro de 2009
Saramaguiar...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Muita Saúde... e Amig@s Também
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Sem esquecer o(s) Laço(s)
C'est mourir d'Aimer,
Sont mourus d'Amour,
Sida Sidannés,
Les Damnés d'Amour,
A mourir d'Aimer,
Ils sont morts d'Amour,
D'Amour Sidanné,
O Sida Sida,
Danger Sida,
O Sida Sida,
Sid'Amour à Mort
O Sida,
Sid'assassin recherché,
Mais qui a mis l'Amour à Mort,
Mon Amour malade,
Ma douleur d'Aimer,
Mon Damné d'Amour,
Sida Sidanné,
A vouloir t'Aimer,
Amour à mourir,
J'en mourrais peut-être,
Amour Sidanné,
O Sida Sida,
Danger Sida,
O Sid'Amour à Mort,
Maladie d'Amour,
Où l'on meurt d'Aimer,
Seul et sans Amour,
Sid'abandonné,
A pouvoir encore,
S'Aimer d'Amour,
A en mourir d'Aimer,
A guérir ce mal d'Amour,
Qui nous a fait mourir,
Sid'abandonné,
Si s'Aimer d'Amour,
C'est mourir d'Aimer,
Sont mourus d'Amour,
Seuls et Sidannés,
Les Damnés d'Amour,
A vouloir s'Aimer,
Ils sont morts d'Amour,
Sid'assassinés.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
And the Oscar goes to...
- Sim, uma vez.
- Falou no casamento gay?
- Sim, quando me puseram dois palermas à frente e me deu jeito tocar no assunto para as audiências se manterem.
- Então tome lá, tome… vá, tome… um Prémio!
- Um prémio!?…Mas… até fico espantado…!
- Não interessa, vá, venha lá que é giro, fica bem nas fotos, tem imensa piada e fez tanto pela nossa causa que não pode recusar.
- Ok, ok.
Who's next?
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Odette
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Quem continua a dizer que é feio!!!????
sábado, 26 de setembro de 2009
"Outras Gripes"
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Arejamento Democrático
Jorge de Sena – Sermão da Guarda, 1977
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
My Diva
sábado, 15 de agosto de 2009
Entre Gay e Queer...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Wie Getz !!!!!?????
Brüno é tanta gente que conheço, mas que não se conhece como ele próprio é capaz de conhecer-se. É o exasperadíssimo explorador da fama fácil, mediaticamente enxovalhada e enxovalhante; é a orgulhosíssima vítima do mais fácil e insatisfatório materialismo, pisando todos quantos lhe destruam essa vontade; é o banalíssimo sujeito do mundo ridículo em que vivemos, um mundo mais banal do que nós mesm@s; é o passivíssimo receptor das impostas e categoriais vontades sexuais, que por impostas e redutoras serem nada representam de vontade; é o sujeito de uma psicologia que (ainda!) julga ser psicologia quando aconselha que se trate e o força à mais ridícula das encenações do que não consegue ser; é o incessantemente incapaz de ceder aos tratamentos, revertendo-os para quem mais deles precisa quando tenta tratar o que não se trata; é o soldado irritantíssimo para uma tropa cega que nunca foi capaz de encontrar-se nas irritações a que se impôs e que tiranamente impõe; é o pretensiosíssimo adoptante que pretende um gayby em vez de um baby. Digam-me, da forma mais sincera, se tudo isto é paródia gratuita e pornográfica (como algumas estreitíssimas e desatentas críticas quiseram defender), ou se é o que estamos a viver, de forma tão perigosa e historicamente tão arrastada que um humor trabalhadíssimo e arrepiante pode trazer-nos à consciência, não pelos disparates cinematográficos mas pelos disparates a que temos assistido – e não em filmes, mas em mundos que julgávamos serem já impossíveis de serem reais! Brüno atira-nos à cara o que precisamos, sem ponta de esquecimento, de ver e de ouvir: um orgulho heterossexualizado que emerge em gritos primatas, em fúrias que nunca sabemos a que ponto podem lesar (lesando sempre, mesmo que nas doses mais subtis), que ensurdece para que outros orgulhos (esses sim necessários, enquanto nos esmagarem) não sejam ouvidos, que se repete todos os dias julgando que essa repetição nos impede que dele nos possamos rir. Brüno faz-nos ver que a fama fácil, que o materialismo, que o ridículo, que as categoriais e impostas vontades, que as fingidas psicologias e as tropas, que os desnorteados ensejos de adopção mascarada de caridade, só infimamente passam pela personagem que protagoniza, porque maximamente se encontram nas personagens que a hegemonia constrói, multiplica exponencialmente, elege como centro da sua ameaçada sobrevivência e como arma de arremesso a tudo o que dela tente fugir. Brüno fez-me sentir inspiradamente livre na gargalhada motivada pela desconstrução inteligentíssima de todo@s aquel@s que, em cada instante, julgam prender-me na convicção das suas “supremacias”. Lembrando-me, na encenação gay propositada e a meu ver apenas veiculante de significados muitíssimo sérios, que a “supremacia” da fama, do dinheiro, da sexualidade, da falsa ciência, da fandanga tropa e da pseudo-caridade são, pelo menos durante noventa minutos, nada supremas, mas sim possibilidades de nos rirmos sobre o que de sério não têm ou que terão cada vez menos. Lembrando-me que fui capaz de me rir de muito, muito mais do que de uma forma de ser gay.
Amores e Lua
quinta-feira, 2 de julho de 2009
A Marcha, II
A igualdade com que vivo é a do abraço tão necessário quanto saudoso, do beijo que apetece depois de não ter apetecido tanto, do desencontro entre o querer e o não querer, do choro e do riso quando acontecem, da subterrânea constância que o ser amado me assegura, da marcha mais ou menos recôndita mas sempre quotidiana do meu orgulho, da vergonhosa vergonha que não conseguem fazer vingar sobre mim. A igualdade com que vivo sopra no horizonte das crenças sem as quais não viveríamos, faz-se pluma no vento que é preciso alimentarmos em nós, finge apenas desvanecer-se quando nos violentam o que não queremos desvanecer e bebe da água que só o querermos ser quem somos faz jorrar. A igualdade com que vivo é incessante na insatisfação com a diferença, essa marca que impede que antes de todas as etiquetas estejamos nós, essa contra-marcha que não se deu ainda conta de que marcharemos, mais ou menos visivelmente, pelas igualdades que a passo e passo cada um e cada uma de nós saberá que lhe vai assistido.
A igualdade com que vivo seria falsa se não fosse quase infinitamente constelada de diferenças. As minhas e as de outrem, as de ontem, as de hoje e as de até. A igualdade que me move já não sabe que nomes pode ter, depois de ter tido tantos e antes de já não saber ter nenhum. Essa é a marcha mais ininterrupta que pode alimentar-nos a vida: feita do céu azul da liberdade, do esbatimento entre a igualdade e a diferença, do sorriso vingado sobre tantas e tão longas torturas, do passo tão singular quanto acompanhado, dos amores que só as miríades quase abarcam, do caminho na procura de sermos cada vez menos o que não somos.
domingo, 7 de junho de 2009
Porto by Night
terça-feira, 19 de maio de 2009
Wonderful Fuckers
terça-feira, 5 de maio de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
Des-nomear o Coiso
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Até...
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Tão (?) Gays!
Haja quem nos valha e nos ponha de quatro.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Esquecer o 15
terça-feira, 7 de abril de 2009
Dedos
Os dedos dizem à pele
O que os dedos sentem
O que o coração sossega
Já a saber-se nos dedos
Na ponta dos dedos
Fazemos o tempo
Fazemos os sonhos
Que repetem nos dedos
O que os sonhos prometem
Os dedos dizem ao tempo
Que é em sonhos que vemos
O que ao tempo fazemos
O que aos dedos prometemos
A sabermos que os dedos
Sabem tocar-nos os medos
Sabem fazer-nos no tempo
Todos os dedos que temos
sábado, 21 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Que atire a primeira pedra...
... quem for capaz de contra-argumetar frase tão certeira!
"Le féminisme n'a jamais tué personne, le machisme tue tous les jours" Benoîte Groult
(ps - descoberta em linha final de mail enviado pela mana)
terça-feira, 17 de março de 2009
Still the Sacred Genocide
Venham depois dizer-me que a Igreja não é assassina! É pior... mata em massa!
quinta-feira, 12 de março de 2009
As coisas que se dizem...
"Agradável prurido, atoleiro de sémen, autismo genital, Comunhão solitária, Doença das olheiras, Emurchecimento prematuro, enormidade da mão, esfregação prolongada, espematorreia voluntária, Furor espermático, Ginástica solitária, Instinto de evacuação, irritação genital, Manobra descongestionante, Plectro do bandolim, Quase-solipsismo libidinal, Singular comichão".
Elogiar Um Elogio
Os anos passaram, a tempestade acalmou, hoje a masturbação tem direito de cidadania, no entanto, ela ainda não é suficientemente desculpada, e é preciso reafirmar muito claramente que todo o interdito está revogado: é lícito, normal, é belo, certo, bom, agradável, conveniente, vulgar, excelente, decente, louvável, meritório, útil, aceitável, feliz, frequente, habitual, corrente, compreensível, excitante, tentador, atraente, cativante, recreativo, interessante, estimulante, reconfortante, apaixonante, tonificante, fortificante, vivificante, exaltante, perturbador, inebriante, embriagante, voluptuário, legítimo, razoável, defensável, desculpável, permitido, legal, autorizado, leal, recto, válido, justificado, correcto, justo, honesto, brioso, natural… masturbar-se, quer se seja homem ou mulher, e sobretudo se se é mulher, pois ainda é muito frequente que as mulheres e as raparigas – nos homens é muito raro – não ousem abandonar-se ao auto-erotismo, quando isso lhes faria muitíssimo bem".
Elogio da Masturbação
Philippe Brenot
sábado, 7 de março de 2009
Dia Internacional Del@s
quarta-feira, 4 de março de 2009
Como só tu pudeste ser-te
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Pornomania ainda
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Pornomania
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Sábio Leitor
(…) o filme (…) é realmente uma obra-prima. E tal facto consubstancia-se essencialmente pela razão que, sendo o seu realizador homossexual e sendo o filme tão inevitavelmente “gay”, (…) não deixa o mesmo de provocar a ambivalência necessária à compreensão que um heterossexual pode ter da homossexualidade. Pois o filme é essencialmente sobre homossexualidade. E sobre minorias. E sobre a maioria que uma minoria pode construir. E sobre o nosso medo – dos heterossexuais – dessa minoria que pode ser uma maioria. E é também sobre um homem que soube fazer uma maioria de uma minoria. E sobre as perfídias próprias da política institucionalizada. (…)
Luís Coelho, 28 anos
Fisioterapeuta
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Mudem o nome ao doce... please!
Quanto aos MEUS problemas de identidade pessoal:
- viver num país que de digno já só tem um “fio [fininho, fininho…] do horizonte”;
- ter mesmo que passar por vários problemas de identidade pessoal para ser uma pessoa como outra qualquer;
- nunca ter percebido como é que a Igreja acha sempre que quem lhe obedece cegamente está protegido dos problemas de identidade pessoal desde que se ajoelhe e reze;
- ouvir demasiado ruído clerical acerca de tudo o que ganhava mais sem esse ruído;
- saber que o Estado em que vivo não desiste de ser motor desse ruído e depois se dá ao luxo de me pedir que vote nos seus representantes;
- a minha homossexualidade, mas só até ao dia em que percebi que a Igreja tinha sido o mais forte adubo para esse (já tão, tão distante) “problema”.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Pó de arroz, sff!
- umas sessões de terapia da fala, que são medonhas a sua voz e sua a prosódia;
- uns copos de tinto de uma abadia qualquer para ver se a bebedeira lhe dá a lucidez de não dizer “unidos daquele modo” (os homossexuais) ou então para dizer que são “unidos daquele modo” quaisquer casais;
- um bocadinho, só um bocadinho de tino para perceber que aquele modo não existe, a não ser na sua boca debilóide;
- que vá ver o mundo e enxergue de vez que muitas vezes o pai e mãe, esses que designa, se fartam de não se complementarem e que se foram tão maravilhosamente complementados quanto diz a gente desconfia e até se chateia com a ideia de ser criado no meio de tanta maravilha;
- um espelhinho, douradinho, bem feminino, para espetar com kilos de pó de arroz nessas trombas hediondas, até que vossa senhoria, sim, pareça “normal” - o que me parece impossível, mas a cosmética sempre tem os seus milagres, mais procurados que os de fátima.
Ou então... vá à merda... ou areje.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Pérolas de SÁBADO
Ficam as “pérolas” que não resisti a registar.
Pérola 1 – o título – “a moda das aventuras sexuais entre mulheres” – moda devia ser a gente já vomitar de nos virem com esta da “moda” e as imprecisões abundam, a meter no “saco das aventuras” muitas outras realidades que não são aventuras porra nenhuma;
Pérola 2 – “o álcool, um dos maiores catalisadores para as primeiras experiências sexuais entre mulheres [pouco sexista, não?] serviu de desculpa para se espicaçarem [notem: “espicaçar” é palavra empregue para dizer que tiveram sexo uma com a outra! Lindo!]”
Pérola 3 – “Maria vê nestes envolvimentos [sexuais com mulheres] uma forma de estimular o segundo casamento, …, desde que ele [o marido] assista, é claro” – já faltava a estimulação, não do casamento, nem dela mesma, mas do marido machista e prepotente; isso, sim, é que “é claro”;
Pérola 4 – Tão claro que o tal marido da Maria se denuncia a si mesmo nestas maravilhosas declarações: “É excitante ver a minha mulher com outra, mas há limites. Se ela estiver disposta a fazer sexo, terei de estar presente”. Tudo dito!
Pérola 5 – As perguntas de Fernando Alvim a São José Correia: “Entusiasma-te dois corpos femininos?” (…) “Qual é a diferença entre ires para a cama com uma mulher ou com um homem?” (…) “Com um orgasmo também é assim?”. Únicas respostas à letra: não têm que ser “dois” corpos, não têm que ser “femininos”, vê lá se chegas ao cúmulo de pedir um desenho, já devias ter feito moche forte quanto bastasse para desapareceres do mapa, ó Alvim!
Pérola 6 – (corroboração absoluta da qualidade transversal da reportagem, que nos brinda com a sistemática ideia da “moda” de que faz título e que insiste na condição mais ou menos alcolizada das mulheres que se “aventuram” sexualmente com outras):
"Ela era [?] – e é [?] – 100% [?] heterossexual [?] e a colega [com quem teve sexo] também [?]: uma mulher com um casamento feliz [não vá haver aqui mentes porcas!], dois filhos [agora é que as mentes porcas estão tramadas!] e adepta de jogos eróticos femininos para quebrar a rotina da relação [100%?????????] conjugal”.
Que seria de nós (e, em especial das mulheres) sem a preciosa SÁBADO?
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Isabelinha... pior que a de Bragança
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Cinzento
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Fuck Off, Paul!
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Genetismo
Plumíssimas Revoluções
…os animais já têm a sua Declaração Universal dos Direitos do Animal desde 1977 [pelo que se sublinha a pertinência dos 30 anos referidos no post-mote]. Quase se poderia dizer, ironicamente, que os animais nos levam uma dianteira, ainda que nós [, pessoas LGBT,] não queiramos a nossa própria declaração de direitos humanos e civis, mas em vez disso queiramos é não conformar-nos com o que vale para toda a gente, porque não é para toda a gente que afinal vale. (…) Observamos um eco distante, um certo paralelismo entre a tónica geral e os conteúdos da Declaração Universal dos Direitos do Animal e o que se vem fazendo connosco e com os nossos direitos, com o modo como nos concedem amavelmente e num acto de grande generosidade – que grande é o coração heterossexista! – estes direitos.
Ao proporem-nos que na referida Declaração Universal dos Direitos do Animal exercitemos a substituição da expressão “animal” por “não-heterossexual”, Llamas e Vidarte deixam-nos a pensar sobre o quanto há por fazer e dão inteira razão ao que no mencionado post-mote podemos ler. Para acabar, deixo ainda palavras dos mesmos autores, que encetam tanto de cruel quanto de belo. Porque talvez na vontade de arrumarmos de vez com a crueldade esteja toda a beleza que nos assiste. Sem mais, nem menos, surge como boa verdade que para que alguém LGBT "alcance o respeito social e não sofra de discriminação, não haja outro remédio senão converter-se em lince. Outras pessoas haverá que se consolarão vendo todas as noites a sua gasta gravação de Os Pássaros, de Hitchcock, sonhando com plumíssimas revoluções".
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Espinhos de Rosa Murcha
Podes e deves votar em nós. Nós prometemos ajudar-te a fazer de conta que o teu casamento é igual a qualquer outro.
Teu, PS.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Pequena Ode a um Anjo
A noite é fria e da janela vejo um negro. Vejo as lamúrias em repetição quotidiana sobre o que teremos que continuar a viver, sobre a crise que é a repetição de se falar em crise. Vejo o fumo do meu cigarro desvanecer-se sobre o fosco translúcido do vidro que me abre a noite. Vejo a lembrança de mais um dia concorrido pelos rostos desiludidos que nos rodeiam, assim como vejo o brilho lembrado de quando acreditávamos mais nos olhos brilhando. O negro tem ainda uma ténue esperança de azul, que cada um de nós saberá (ou desejará saber) onde ir buscá-la. Mas sobre todos os negros vejo um anjo. Vejo-o entrelaçado entre o frio, entre o negro, entre os brilhos que mais do que lembrados me são presente, entre as tantas coisas que não deixa que deixem de me ser coisas, entre o que entre mim e ele se faz como espaço de vôo conjunto. Não sou mais nem menos do que qualquer um de vós por me ver abraçado por um anjo, tal como com ele consigo não ser mais nem menos do que as asas que mereço. Acreditar num anjo é a lanterna que me ajuda a vislumbrar um bocadinho mais de azul no negro olhado da janela. O mundo continua a ser bem mais imenso do que a beleza de um anjo, mas sem ele certamente me seria bem menos imenso. E, a defraudar o poeta, apetece-me dizer: Boa noite. Eu vou com o anjo.
Jorgetes e Manelinhas, vão de retro!
“O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, disse ontem que a Igreja «não tem nada contra» casamentos entre católicos e fiéis de outras religiões, mas pediu que essas uniões respeitem os «valores católicos» das famílias. […] Segundo o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Morujão, a advertência do Cardeal Patriarca é um “justo conselho de realismo” e afastou de qualquer «discriminação ou menosprezo» pelo islamismo”.
Jornal Metro, 15 de Janeiro de 2009
Eu, que sou muito, muito burro, gostava que me dissessem:
1. porque é que alguém que “não tem nada contra” alguma coisa, prefere e profere a supremacia de “outra” coisa?
2. o que são, nestas matérias, a “justiça” e o “realismo” de um conselho?
3. como é que depois de tanto disparate junto e de tão explícitos ataques ainda falam em ausência de “discriminação ou menosprezo”?
4. porque é que há ainda quem não veja que… cada tiro, cada melro?
5. por quanto tempo haverá gente a seguir “conselhos” de semelhante seita?
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Pensem muito mais que duas vezes…
… antes de ouvirem este idiota chapado (e acautelem-se não com os amores, mas com a probabilidade de ferirem TODA a sensibilidade que vos reste ao clicarem aqui).
Contigo, cara feira, é que é de certeza difícil dialogar!
Ainda bem que tu “os” (!) respeitas (tanto que te demarcas bem "deles"), ou não sei o que seria…
E, já agora: quem é que em Portugal já leu a Bíblia?
Vai mas é fumar! E que mais reacções haja à baba verbal que deixaste sair dessa bocarra!
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Flores
Ele veio nas flores
Elas, tantas
Como dele, tanto
O mar é de odores
A que sabem as flores
Como se sabe o canto
Cantado nas cores
Ele veio nas flores
Com elas, tanto
E com ele, o canto
Tocado em amores
De que se fazem as flores
Para que sejam tanto
Quanto os meses de (en)canto
(em atraso dos habitualmente celebrados dias 6)
domingo, 4 de janeiro de 2009
Requiem para Lisboa
Se Lisboa fosse um Requiem, tê-lo-íamos escrito mais belo do que muitos. Na chuva dos dias que nela houve, houve o céu limpo que lhe oferecemos, houve o abraço da chegada, que é sempre como se não o fosse porque estávamos já lá. Se Lisboa fosse um Requiem, as primeiras notas soariam baixinho no cuidado de acolher, em sobretudo cor de mel, em sorrisos cicerónicos que nos abrigam de muitas chuvas, no caldo verde a saber à felicidade com que enganámos a morbidez da composição. Se Lisboa fosse um Requiem, haveria gente cantando na brancura de uma casa onde pão e vinho sobre a mesa se abriu a gentes que traziam vestidos e a outras tantas gentes que sabem vesti-los. Haveria gente feliz a percorrer um bairro tão alto quanto a vontade de subir ao céu e de nele nos encontrarmos um dia sentados, sem anos contados, sem deuses maiores do que nós, com anjos como os que buscamos nos dias e nas noites ou com diabos sem género mas de pele e de alma frescas. Se Lisboa fosse um Requiem, teria jantares maravilhosamente servidos no bairro ainda alto, teria éter a fazer continuar o céu que lhe inventámos, só para descer ao feliz inferno de um cubículo onde outras gentes vivem de esvoaçados vestidos, só para sorrirmos nas gotas, feitas mais de éter que de chuva, de molhados desejos, nesse inferno ou noutros, procurados na retaguarda de um carro, num quarto com um adónis azulado em quadro que a noite veste de cobalto, nas mãos de um rapaz que inferniza um tão querido tio pelas palavras que não lhe dirige depois de tocá-lo. Se Lisboa fosse um Requiem, não saberia senão ver-se enganada no prenúncio da morte, ou não fossem imensamente nossos o sorriso e o gesto insistentes da Tarantella, o breve e sabido fingimento de sermos aqueles que não morrem nunca. Se Lisboa fosse um Requiem, teria um fim tão saudoso quanto mascarado: de Genet cantando amor, de Rufus-Judy ondulando as mãos como Amália, de um porno-terno a explicar porque há quem nos ame e quem não nos ame mais, de um telhado de onde pudemos ver o rio a que quereremos sempre voltar, de um tio que nos aquece a casa para nos recompor a partitura e nos fazer cantar menos mal. Se Lisboa fosse um Requiem, seria feita de nós, que nela fomos tanto quanto a vontade de sermos quem somos. Avé.