sábado, 19 de dezembro de 2009

Saramaguiar...


... em excerto tão cereteiro (também) nos tempos que correm.

(Itálicos meus).





…, Não sei se fui escolhido, mas algo sei, sim, algo devo ter aprendido, Quê, Que o nosso deus, o criador do céu e da terra, está rematadamente louco, Como te atreves a dizer que o senhor deus está louco, Porque só um louco sem consciência dos seus actos admitiria ser o culpado directo da morte de centenas de milhares de pessoas e comportar-se depois como se nada tivesse sucedido, salvo, afinal, que não se trate de loucura, a involuntária, a autêntica, mas de pura e simples maldade, Deus nunca poderia ser mau ou não seria deus, para mau temos o diabo, O que não pode ser bom é um deus que dá ordem a um pai para que mate e queime na fogueira o seu próprio filho só para provar a sua fé, isso nem o mais maligno dos demónios o mandaria fazer, Não te reconheço, não és o mesmo homem que dormiu antes nesta cama, disse lilith, Nem tu serias a mesma mulher se tivesses visto aquilo que eu vi, as crianças de sodoma carbonizadas pelo fogo do céu, Que sodoma era essa, perguntou lilith, A cidade onde os homens preferiam os homens ás mulheres, E morreu toda a gente por causa disso, Toda, não escapou uma alma, não houve sobreviventes, Até as mulheres que esses homens desprezavam, tornou lilith a perguntar, Sim, Como sempre, às mulheres de um lado lhes chove, do outro lhes faz vento, Seja como for os inocentes já vêm acostumados a pagar pelos pecadores, Que estranha ideia do justo parece ter o senhor, A ideia de quem nunca deve ter tido a menor noção do que possa vir a ser uma justiça humana…




José Saramago
Caim

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Muita Saúde... e Amig@s Também


Ainda que atrasados, ficam os parabéns ao Via Fáctea pela repetição do aniversário.

Para continuar a: abichanar, abraçar, acordar, agradecer, alegrar, amar, concordar, denunciar, desmontar, elogiar, encorajar, escutar, festejar, ironizar, libertar, mulherizar, partilhar, rabujar, relembrar, vomitar... evitando o silêncio (ou com ele fazendo barulho, se necessário for), às vezes sem etiqueta possível e, sempre, mas mesmo sempre, procurando disfarçada mas entusiasticamente todas as etiquetas da vida.