segunda-feira, 30 de junho de 2008

Prometer as Mulheres


Ouça-se o que nos diz ela.

Para se ouvir o grito abafado de tantas, ainda tantas mulheres.


PRINCESA PROMETIDA

HÁ UM VÉU NO MEU OLHAR/ QUE A BRILHAR DÁ QUE PENSAR NOS MISTÉRIOS DA BELEZA/ ESPELHO MEU QUE ACONTECEU DO QUE É TEU E DO QUE É MEU/ JÁ NÃO TEMOS A CERTEZA/ A MOLDURA DESTE ESPELHO/ ESPELHO FEITO DE OURO VELHO TEM OS TRAÇOS DUMA FLOR/ MUITAS VEZES FOI PARTIDO PROMETIDO E PROIBIDO AOS ENCANTOS DO AMOR/ ESPELHO MEU DIZ A VERDADE DA IDADE DA SAUDADE À MULHER ENVELHECIDA/ SEGUE EM FRENTE NA MEMÓRIA MATA A GLÓRIA DESSA HISTÓRIA DA PRINCESA PROMETIDA

Aldina Duarte/ José Marques

sábado, 28 de junho de 2008

Poema Tardio


O poema persiste na noite da vida
Como se de noite se fizesse mais fácil
O sol ardente do arrastado dia

Persiste a vida no apagar da noite
Em crepúsculo tão ardente
Como és tu a fazer teimar o poema

Cerrados os olhos no branco baço
Do enrugado pano em que te abraço

Não possam as ninfas trair-nos a noite
A prometer o dia para a desmentir o poema

terça-feira, 24 de junho de 2008

Ámen


Ouvi-la foi um instante imenso. Imenso como costuma ser o que de substancial se dá numa voz que crê. A silhueta começa por envolver quem verdadeiramente escuta num fundo azul a conter o som cantado do mar. Depois, a cortina diáfana eleva-se e a presença faz-se mais presente. O movimento vai-nos mostrando uma sereia perfeitamente enquadrada nos cenários. Comove tanto o contorno quanto o que dele emana. E no desenrolar da cena, até ao final que nos entristece porque nos apetece mais, não podemos senão acreditar mais vivamente do que nunca, que é possível assistirmos à ocupação do mundo pelas rosas. Durmamos, para sonhar a saudade à qual não queremos nem podemos fugir enquanto nos cantarem o mundo assim.

Olha pro céu


Olha pro céu, meu amor

Vê como ele está lindo

Olha praquele balão multicor

Como no céu vai sumindo

Foi numa noite, igual a esta

Que tu me deste o teu coração

O céu estava, assim em festa

Pois era noite de São João

Havia balões no ar

Xóte, baião no salão

E no terreiro

O teu olhar, que incendiou

Meu coração

Luiz Gonzaga/ José Fernandes

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Merci, Gala!


Si ce n'était rien que pour cela, ça vaudrait déjà le coup d'avoir un blog! On cherche la peinture de la vie, on essaie de donner une image à tous les mots vécus, on essaie de faire l'illustration de ce qui nous le remplisse l'âme. Les hasards mènent, ou peut-être pas, nos mots à ceux qui les méritent qu'on les aient écrits. Cette artiste a découvert ce que j'ai choisi d'elle. Car très peux pourraient choisir le visage de Chavela à la perfection. Et encore plus beau c'est que vous ayez remercié la référence de votre nom sur le post. Je vous remercie de tout mon coeur, Gala. Surtout, pour votre confirmation que les mots valent vraiment la peine. Même si ce n’est qu’une seule personne qui les ait lus.


Se não fosse por mais do que isto, valeria a pena ter um blog! Procura-se a pintura da vida, procura-se dar imagem às palavras vividas, procura-se ilustrar aquilo que para nós é preenchimento da alma. Os acasos, ou talvez não, levam por vezes as nossas palavras a quem merece que as tenhamos escrito. Esta artista descobriu o que dela escolhi. Porque pouca gente saberia escolher na perfeição o rosto de Chavela. Ainda mais bonito é que tenha agradecido a colocação do seu nome no respectivo post. Muito obrigado de todo o meu coração, Gala. Pela confirmação de que as nossas palavras valem sempre a pena. Mesmo que apenas uma pessoa as tenha lido.


(Traduction: M(i)M(i)).

terça-feira, 10 de junho de 2008

Voltar a Ver o Mar


Na boca (ficcionada) de Ramón Sampedro.
A comover na imensidão do poema.


- E o que fantasias?
- Muitas coisas, que só têm uma coisa em comum: em todas posso mover-me. Então, levanto-me e viajo para onde imagino que estejas nesse momento. E se imagino que estás aqui, então aproximo-me de ti e faço o que tantas vezes desejei poder fazer. O teu cheiro torna-se mais forte e entonteço. Sinto as batidas do teu coração. Depois, sinto as tuas mãos. E aí perco a cabeça. Aí perco a cabeça.

Mar Adentro

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Pele Sensível


Maravilhosa pérola da bbc que hoje terminou na :2.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Conversa


Nem sempre vale a pena conversar. Mas seguramente esta foi uma das vezes em que encontrei sentido para que o fizéssemos. A negra atmosfera, depois do colorido cinematográfico, que não deixa de mostrar o menos colorido, trouxe-nos à cor em que ainda vivemos. Trouxe-nos ao negro que envolve vidas vividas e outras que tentam acompanhá-las. Trouxe-nos ao negro dos insuportáveis processos que não se processam, ao negro da incessável procura de nós quando não nos servem algumas impostas peles, ao negro das tantas impossibilidades de dizer que estamos aqui. Fez-se mais negra a cor pelo silêncio de nós, que é sempre silêncio perante o grito de quem se recusa a vestir o que não lhe assenta. Por haver quem tivesse gritado, uma e outra vez, no aviso do possivelmente repetido medo, sem justa justiça, sem eco audível quando genuinamente consideradas as dores.
Por isso tentámos colorir. Com lápis de desejável lei, de contra-corrente à repressiva responsabilização psiquiatrizante, de dizeres críticos que nos façam sentir as dores e revolvê-las, de um encantado(r) exemplo de mudança.
No fim da conversa, o coração cheio. Banhado em aquário também meu. Com estes e outros peixinhos. Que o coração, de cor vermelha, guarda vivos e a quem gostaria de dar águas mais doces.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Again


Achar o catraio giro é questionável, porque pessoal.
Encontrar sentido no que diz é facto, como o havia sido outrora.

Sabe que, pela primeira vez na história dos Estados Unidos da América, há a possibilidade do Partido Democrata se apresentar às eleições presidenciais com um candidato negro ou com uma mulher?
Claro. Disse que a política não me interessa, não quer dizer que não ande minimamente informado sobre ela, até porque me interessa que o meu país e tudo o resto sejam bem dirigidos. Sobre o Obama, ainda bem que se candidatou, quanto mais não seja para que todos percebam que as opções não podem ser condicionadas pela cor da pele. O mesmo vale para a Hillary Clinton e o facto de ser mulher. Desde que sejam pessoas competentes e sérias, tanto me dá que sejam negros ou mulheres.
E se em vez de Ferguson tivesse uma mulher a treiná-lo no Manchester United?
São áreas diferentes, mas podia ser. Porque não? Se já há mulheres a arbitrar os jogos, também pode haver a dirigir equipas. Não vejo qualquer problema. Desde que sejam grandes profissionais…

Cristiano Ronaldo em Entrevista à Pública - 25.05.08