segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Prazeres de Ano Novo


Ânus. Sirva-se gelado ou a ferver. Sugue-se, sopre-se, aumente-se, diminua-se, alargue-se, estreite-se, estique-se, encolha-se. Não se use se não aprouver, faça-se todo o uso necessário, se necessário for. Está desprovido de leis naturais, não tem género garantido, pode servir tanto a ordem como a desordem humana.
Substituiu o B52, já démodé, e podem solicitá-lo pelo nome de BXVII.
Enjoy it... if you want to!

domingo, 28 de dezembro de 2008

És linda, melhéir!



Há já alguns dias que, desde esta minha galáxia, dou por mim alcoolizado por um espécime estranhíssimo que anda por aí, perto de vós, vestindo umas saias em desuso, com uma cara terrorífica e uma boca medonha de onde saem os vapores que me alcoolizam. A receita dos rasquíssimos vapores está aqui.

Na minha galáxia vivemos mais de factos do que de vapores destes e, como tal, não percebemos nada dessa coisa de “lei natural”, de “respeito pela criação do homem e da mulher”, de “destruição da obra de Deus”. Percebemos mais da linguagem da criação de nós do que desse tal Deus, que não tem feito grande coisa, mas vocês lá saberão melhor do que fala este espécime. É estranho, mesmo estranho o que ele vaporiza, com uns bafos de “protecção da espécie como a protecção das florestas”. Isso inclui proteger este espécime? Ai, credo! Agora fiquei mais alcoolizado!
Acho que nesse ano em que vão entrar, um tal de 2009, já passou tempo a mais para que estes bafos continuem a rodear-vos, mas talvez vos dê uma moca tão forte como a que o espécime me deu a mim. Se servir para isso, pode não ser mau. O pior é que podem ficar demasiado tempo emborrachados se ele for protegido. Cá por mim, vou continuar a expurgar todas as manhãs a lei dessa tal “natureza”, a assediar quem me apetecer com o orifício (belíssimo) com que costumo expurgar-me, a usar outros orifícios para esse e outros efeitos e espero que dêem um banho de loja ao espécime. Pode ser o começo de uma coisa menos má, com tudo o resto que terão que fazer para deixarem de viver aterrorizados. Sejam felizes, meninas, como homens, como mulheres, como qualquer coisa que se pareça (ou não) com isso, desde que se pareça com o que melhor vos fizer à alma.

Mas vos peço, só isso vos peço, que façam tudo o que a estranha personagem não quer, ou que não façam o que ela quer.

Vão ver que vale mais a pena do que terem pena de se deixarem ir em semelhantes penas.

Até ao próximo ânus! ;-)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Pai Vosso que Estais aonde?


Pois eu cá, na tão ínfima parte que me toca, não cessarei de me opor à penalização do Vaticano, nem deixarei de defender a erradicação do mesmo, enquanto continuarem (e o tempo já vai sendo tanto que dá nojo) a dizerem coisas tão estapafúrdias e perigosas como estas. Ou seja: a certeza é a de que mesmo que viva cem anos vou ter que manter a minha posição, porque está visto que cem anos são nada, ao lado de uma merda tão longa na História.

Por mim, que se vão catar, que eu até nem gosto do sabor a hóstia. Aghhhhhh!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Razões Actuais em Frágil Texto


Facto: 60 anos tem a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Sou relembrado da efeméride pelo bom artigo do Público de hoje, que começa por denunciar tratar-se de um texto actual pelas piores razões. Certamente que sim, dando desde logo que pensar que seis décadas fazem das muitas mudanças que a mesma Declaração desejou um sopro tão opaco quanto lento. Porque contido está nela o ensejo de assegurar o direito a ter direitos, que o mundo continua a mostrar-nos como (tão gravemente) não cumpridos, como necessitados de real consagração no papel e no quotidiano. Neste palco de não-factos continuados, bem refere José Manuel Pureza que mais do que o nunca mais é o exaspero de todos os ainda nãos que o sexagenário documento nos obriga a recordar.
Diz ainda Pureza que toda a Declaração está por cumprir – e pois certamente que o estará, se a esmagadora parte de nós tão pouco a conhece, tão pouco a leu e, se a leu, razões terá tido para esquecê-la ou para menosprezá-la perante o espectáculo desumano que diariamente nos dá o mundo. Dei por mim a pensar que é talvez a ausência de consciência colectiva e pessoal de direitos que em primeira mão ameaça a Declaração. Como dei por mim a pensar que as recorrentes referências da ciência política à necessidade de equilíbrio entre direitos e deveres para que a cidadania se cumpra me colocam reservas: porque de direitos temos ainda visto tão pouco e porque para os deveres temos ainda que encontrar mais profundos significados.
Pensei igualmente que documentos assim só podem servir-se acompanhados de uma inquietude: a de corajosa e perseverantemente nos inquietarmos com o que não pode estar quieto. Não podem estar quietos o olhar e o sentir perante a ininteligibilidade humana, como não podem está-lo perante a evidência do desumano.
Sem isto, a referida Declaração corre perigos de se perpetuar como doloroso e inglório ensaio sobre a cegueira.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Mestiça Salamanca


Salamanca foi destino. Como sempre, refez-me o coração, aquecido em tanto frio pelo presente quente de M(i)M(i). Ficam repetidamente as imagens das rendas que cobrem os maravilhosos edifícios, ficam os círculos sociais que invejo na sua “movida” mesmo sendo a cidade pequena, ficam as (enviesadas) saudades que o país vizinho não desiste de me provocar.
Mas fica também o recuerdo de um artigo assinado por Armas Marcelo no diário ABC, tendo por título A Leitura da Crise. Não é que me tenha trazido algo de verdadeiramente novo, mas trouxe-me algumas reflexões que um excerto como o que se segue pode comprovar como fortes e desafiantes: “tenho para mim que muitos dos actuais protagonistas da cultura crêem que o multiculturalismo é uma cultura por cima de outra, todas em paz e dançando uma rumba internacionalista e não, como de facto é, o inimigo maior da integração e da mestiçagem. Sem a mestiçagem não vamos a lado nenhum no presente nem no futuro, tal como não teríamos podido chegar a nenhuma parte no passado. Sem a mestiçagem chegamos ao limite nacional, bailamos e cantamos o nosso folclore e, contentes com a guerra, vamos de seguida para casa alimentando a mentira. A Humanidade é mestiça e a cultura é filha de mil pais que foram acumulando, fusão sobre fusão, os seus conhecimentos e a aplicação destes até chegarem ao mundo de hoje. A mestiçagem, esse inimigo do multiculturalismo, é a integração e a contaminação benéfica, opõe-se à fronteira e tende, irreversivelmete, a atrair os necessários contrários”.
Porque também eu havia já mostrado a minha comoção com a mestiçagem, com o que ela nos pode dar de salvação e com a bárbara limitação que tantas pessoas lhe impõe.
Espanha é-me de coração, inclusive por nela haver quem se pronuncie sobre o que a tod@s nos cabe pronunciar.

Olé!