quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Mestiça Salamanca


Salamanca foi destino. Como sempre, refez-me o coração, aquecido em tanto frio pelo presente quente de M(i)M(i). Ficam repetidamente as imagens das rendas que cobrem os maravilhosos edifícios, ficam os círculos sociais que invejo na sua “movida” mesmo sendo a cidade pequena, ficam as (enviesadas) saudades que o país vizinho não desiste de me provocar.
Mas fica também o recuerdo de um artigo assinado por Armas Marcelo no diário ABC, tendo por título A Leitura da Crise. Não é que me tenha trazido algo de verdadeiramente novo, mas trouxe-me algumas reflexões que um excerto como o que se segue pode comprovar como fortes e desafiantes: “tenho para mim que muitos dos actuais protagonistas da cultura crêem que o multiculturalismo é uma cultura por cima de outra, todas em paz e dançando uma rumba internacionalista e não, como de facto é, o inimigo maior da integração e da mestiçagem. Sem a mestiçagem não vamos a lado nenhum no presente nem no futuro, tal como não teríamos podido chegar a nenhuma parte no passado. Sem a mestiçagem chegamos ao limite nacional, bailamos e cantamos o nosso folclore e, contentes com a guerra, vamos de seguida para casa alimentando a mentira. A Humanidade é mestiça e a cultura é filha de mil pais que foram acumulando, fusão sobre fusão, os seus conhecimentos e a aplicação destes até chegarem ao mundo de hoje. A mestiçagem, esse inimigo do multiculturalismo, é a integração e a contaminação benéfica, opõe-se à fronteira e tende, irreversivelmete, a atrair os necessários contrários”.
Porque também eu havia já mostrado a minha comoção com a mestiçagem, com o que ela nos pode dar de salvação e com a bárbara limitação que tantas pessoas lhe impõe.
Espanha é-me de coração, inclusive por nela haver quem se pronuncie sobre o que a tod@s nos cabe pronunciar.

Olé!

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