Houve um post que me deu mote. Mote para dizer algumas coisas consonantes com a linha condutora desse mesmo post. Depois, percebi que as coisas que queria dizer estavam já ditas numa produção do país de nuestros hermanos, que ao que parece estão a fazer com que não passe de uma baboseira a velha frase de que dali nem bons ventos, nem bons casamentos, a julgar por provas (como esta, ou como esta) contrárias à baboseira.
Das palavras de Ricardo Lammas e Javier Vidarte, retiradas daqui, me faço valer em apoio à (sobre)vivência tão bem ilustrada pelo limbo entre o babuíno e o ser humano, tão bem apontada como desumanamente erguida sobre a esfarrapada promessa que julgávamos haver na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ora, leia-se Llamas e Vidarte:
…os animais já têm a sua Declaração Universal dos Direitos do Animal desde 1977 [pelo que se sublinha a pertinência dos 30 anos referidos no post-mote]. Quase se poderia dizer, ironicamente, que os animais nos levam uma dianteira, ainda que nós [, pessoas LGBT,] não queiramos a nossa própria declaração de direitos humanos e civis, mas em vez disso queiramos é não conformar-nos com o que vale para toda a gente, porque não é para toda a gente que afinal vale. (…) Observamos um eco distante, um certo paralelismo entre a tónica geral e os conteúdos da Declaração Universal dos Direitos do Animal e o que se vem fazendo connosco e com os nossos direitos, com o modo como nos concedem amavelmente e num acto de grande generosidade – que grande é o coração heterossexista! – estes direitos.
Ao proporem-nos que na referida Declaração Universal dos Direitos do Animal exercitemos a substituição da expressão “animal” por “não-heterossexual”, Llamas e Vidarte deixam-nos a pensar sobre o quanto há por fazer e dão inteira razão ao que no mencionado post-mote podemos ler. Para acabar, deixo ainda palavras dos mesmos autores, que encetam tanto de cruel quanto de belo. Porque talvez na vontade de arrumarmos de vez com a crueldade esteja toda a beleza que nos assiste. Sem mais, nem menos, surge como boa verdade que para que alguém LGBT "alcance o respeito social e não sofra de discriminação, não haja outro remédio senão converter-se em lince. Outras pessoas haverá que se consolarão vendo todas as noites a sua gasta gravação de Os Pássaros, de Hitchcock, sonhando com plumíssimas revoluções".
…os animais já têm a sua Declaração Universal dos Direitos do Animal desde 1977 [pelo que se sublinha a pertinência dos 30 anos referidos no post-mote]. Quase se poderia dizer, ironicamente, que os animais nos levam uma dianteira, ainda que nós [, pessoas LGBT,] não queiramos a nossa própria declaração de direitos humanos e civis, mas em vez disso queiramos é não conformar-nos com o que vale para toda a gente, porque não é para toda a gente que afinal vale. (…) Observamos um eco distante, um certo paralelismo entre a tónica geral e os conteúdos da Declaração Universal dos Direitos do Animal e o que se vem fazendo connosco e com os nossos direitos, com o modo como nos concedem amavelmente e num acto de grande generosidade – que grande é o coração heterossexista! – estes direitos.
Ao proporem-nos que na referida Declaração Universal dos Direitos do Animal exercitemos a substituição da expressão “animal” por “não-heterossexual”, Llamas e Vidarte deixam-nos a pensar sobre o quanto há por fazer e dão inteira razão ao que no mencionado post-mote podemos ler. Para acabar, deixo ainda palavras dos mesmos autores, que encetam tanto de cruel quanto de belo. Porque talvez na vontade de arrumarmos de vez com a crueldade esteja toda a beleza que nos assiste. Sem mais, nem menos, surge como boa verdade que para que alguém LGBT "alcance o respeito social e não sofra de discriminação, não haja outro remédio senão converter-se em lince. Outras pessoas haverá que se consolarão vendo todas as noites a sua gasta gravação de Os Pássaros, de Hitchcock, sonhando com plumíssimas revoluções".
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