quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Belos Factos Solnádicos


Facto: nunca achei piada ao senhor (e depois do que li, mais senhor o acho) nos seus dignos esforços de nos alegrar. Facto: isso não vem ao caso. Facto: os bolds que coloquei na transcrição não deixam margem para a mais mínima dúvida quanto à verdadeira, genuína e lúcida capacidade afirmativa do senhor. Facto: o sorriso que costuma assomar-lhe ao sereno rosto é mesmo sinal da valorização que faz da felicidade e que quer ver distribuída justamente por outras pessoas. Facto: a genuinidade, como se vê, é mesmo uma questão de aceitação. Facto: temos lição de cidadania, simplesmente porque cada um de nós tem que ser respeitado (para quê dizer mais?). Facto: Melhor tacada aos (agora digo eu: ditos) políticos não podia haver. Facto: o senhor percebe e traduz o Princípio da Igualdade de forma brilhante, porque imediata. Facto: fecha a entrevista com a prova mais cabal do que diz entender, porque a adopção em nada lhe faz confusão. O entrevistador é que não foi capaz de acompanhar a rapidez intelectual do senhor, porque não havia que perguntar se adoptar lhe provocava mais dúvidas (o que vinha antes, já o senhor tinha mostrado, não lhe colocava dúvida nenhuma, logo não havia que perguntar pelo mais). Via que proponho: um wokshop obrigatório com o senhor na Assembleia da República, o mais rapidamente possível.

Raul Solnado em entrevista à Notícias Sábado, 145, 10 de Outubro

Defendo o casamento homossexual”

- sei que o casamento entre dois homens ou entre duas mulheres faz confusão a muita gente, mas para mim o que é importante é que duas pessoas sejam felizes;

- aceito [o casamento entre homossexuais] porque entendo. A gente não pode entender se não aceita. Entendo lindamente. Não me faz confusão nenhuma que duas pessoas do mesmo sexo se amem […]. E cada cidadão tem que ser respeitado.

- Estamos em ano pré-eleitoral. Só falta vontade política.

- As pessoas não são melhores ou piores consoante a sua orientação sexual.

E a adopção provoca-lhe mais [?] dúvidas?
Não, nada. Há tanta criança abandonada que vai ser perdida… não percebo, sinceramente. Dois homossexuais ou duas lésbicas podem dar tanto amor como uns pais ditos normais. Isto vem nos livros, estou farto de ler estudos sobre isto. É tudo uma questão de hábito. As crianças precisam é de amor e carinho.

2 comentários:

cris disse...

uau, confesso q me surpreende. Fico mm feliz. O Raul Solnado faz parte de uma geracao em q o humor se fazia de outra forma, e tornou-se anacronico. Mas sp nutri mta simpatia pelo senhor, talvez pq cresci no tempo em q ele era "grande". Obrigada por partilhares, Nuno - isto ter-me-ia passado totalmente ao lado. :)
bjs

DomingonoMundo disse...

É um facto!
E por mais que eu também nunca lhe tenha achado grande piada, sempre o considerei um grande actor, capaz de se superar a si mesmo: o facto de ser gago não lhe reprime o desempenho teatral; o elemento "comédia", de facto, não o inibiu em brilhantes actuações no teatro e cinema "dramáticos". É que ser um grande actor implica ultrapassar os factos; ser uma grande pessoa implicará sempre não se deixar aprisionar por eles... Aplaudo, por isso e por tudo o mais, estes "factos solnádicos"!