Há que agradecer-Vos, Senhores, pelo 10 de Outubro que prometeis oferecer-nos. A tant@s de nós que ainda vos críamos. Há que agradecer-Vos, por serdes tão grandes que não ousamos sequer alcançar-Vos nas intenções que nos demonstrais. É de todos os passados que se farão as Vossas magnificentes oferendas nesse dia. De todos os passados em que, mesmo repelid@s nos nomes que ousámos dizer, não necessitámos afinal de Vós para os termos ousado. Vireis lembrar-nos de todas as forças que não deixaram de assistir-nos desde que somos quem somos, porque jamais podereis deixar de falar de nós, mesmo que queirais calar-nos. O silêncio e o não, não sei se percebereis, são dizeres menos dignos, mas nem por isso pouco pronunciados. Como pronunciadas foram e são as negações que hoje continuamos a rezar na História e nas histórias. Por isso não ousamos alcançar o que alcançais Vós, que é fingirdes que a História não se inscreveu, que é julgardes decidir sobre o que decidimos nós há tanto tempo, que é pousardes sobre tronos de que nada servem, ao estarem demasiado altos para avistarem as tantas histórias de amor que à História não conseguireis roubar.
É também em todos os presentes que irão recair as Vossas magnificentes oferendas. Nos presentes orgulhos de não sermos como Vós, no orgulho de sermos como queremos que nos queiram, na vergonha da vergonha que nos tendes. Em todos os presentes que nos damos entre nós, quando nos unimos para Vos dizer que persistiremos, como “gentes nem remotas nem estranhas”, mas seguramente como remotas e estranhas a Vós, que remotos e estranhos sois à cidadania que havíeis prometido. Em todos os presentes constituintes de famílias numerosas, ideia que abençoais sem percebê-la, porque famílias enormes somos nós ao fazer do sangue coisa bem menor do que os laços que nos apertam. No coração e na boca que Vos mostramos sem que nos saibais sentir nem ouvir. Estais longe, muito longe, para sentir-nos e ouvir-nos e por isso há que agradecer-Vos quando nos sabemos menores do que Vós, mais tão mais chei@s de vontade de nos legislarmos nas intenções de resistência que nos fortalecem. Há que agradecer-Vos por estamos mais perto de todas as outras realidades que calais, negais ou fingis serem Vossas: as realidades das vergonhas que provocais em quem não considerais. Porque a Vossa cidadania é feita de gente remota e estranha à não-condição humana. O que nos dareis de tão magnificente oferenda é a possibilidade de pensarmos ainda mais do que já temos pensado no que pensarão, ao nosso lado, tod@s os que percebem a vergonha que nos tendes. Tende cuidado, Senhores, com o que ao fazerdes de nós dais de exemplo a outras gentes que nos transportam na pele porque também como não-gentes são tratadas. Dessas outras gentes estamos a falar-Vos sem que nos ouçais, dessas outras gentes deixámos de dizer que são “outras” ou não estaríamos a exigir o que exigimos, que é sermos presentes na presença plural, igualitária e cidadã que como mais pequenos conhecemos e sentimos sem ambicionarmos a Vossa insuficiente grandeza.
De futuro hão-de fazer-se ainda as oferendas que nos reservais. Quando pudermos contar o que deixastes Vós na História desse dia. Digais o que digais, calais o que calais, há-de servir a vossa oferenda para lembrar que mesmo na inquietude Vos lembrastes de nós. Que fracturantes fostes para nos garantireis que inteiros permanecemos. Que de tod@s os que aqui permanecermos não soubestes dar nem conta, nem medida. Porque em tanto negro demorastes sobre o que de há longe era claro: que de Vós tivemos vergonha, sem vergonha de vos arrancarmos a vergonha sobre nós. E que a cidadania não foi Vossa, mas de tod@s os que por ela fizemos. Para sabermos que havia tanto e tão pouco a fazer pelo que fomos, somos e seremos.
É também em todos os presentes que irão recair as Vossas magnificentes oferendas. Nos presentes orgulhos de não sermos como Vós, no orgulho de sermos como queremos que nos queiram, na vergonha da vergonha que nos tendes. Em todos os presentes que nos damos entre nós, quando nos unimos para Vos dizer que persistiremos, como “gentes nem remotas nem estranhas”, mas seguramente como remotas e estranhas a Vós, que remotos e estranhos sois à cidadania que havíeis prometido. Em todos os presentes constituintes de famílias numerosas, ideia que abençoais sem percebê-la, porque famílias enormes somos nós ao fazer do sangue coisa bem menor do que os laços que nos apertam. No coração e na boca que Vos mostramos sem que nos saibais sentir nem ouvir. Estais longe, muito longe, para sentir-nos e ouvir-nos e por isso há que agradecer-Vos quando nos sabemos menores do que Vós, mais tão mais chei@s de vontade de nos legislarmos nas intenções de resistência que nos fortalecem. Há que agradecer-Vos por estamos mais perto de todas as outras realidades que calais, negais ou fingis serem Vossas: as realidades das vergonhas que provocais em quem não considerais. Porque a Vossa cidadania é feita de gente remota e estranha à não-condição humana. O que nos dareis de tão magnificente oferenda é a possibilidade de pensarmos ainda mais do que já temos pensado no que pensarão, ao nosso lado, tod@s os que percebem a vergonha que nos tendes. Tende cuidado, Senhores, com o que ao fazerdes de nós dais de exemplo a outras gentes que nos transportam na pele porque também como não-gentes são tratadas. Dessas outras gentes estamos a falar-Vos sem que nos ouçais, dessas outras gentes deixámos de dizer que são “outras” ou não estaríamos a exigir o que exigimos, que é sermos presentes na presença plural, igualitária e cidadã que como mais pequenos conhecemos e sentimos sem ambicionarmos a Vossa insuficiente grandeza.
De futuro hão-de fazer-se ainda as oferendas que nos reservais. Quando pudermos contar o que deixastes Vós na História desse dia. Digais o que digais, calais o que calais, há-de servir a vossa oferenda para lembrar que mesmo na inquietude Vos lembrastes de nós. Que fracturantes fostes para nos garantireis que inteiros permanecemos. Que de tod@s os que aqui permanecermos não soubestes dar nem conta, nem medida. Porque em tanto negro demorastes sobre o que de há longe era claro: que de Vós tivemos vergonha, sem vergonha de vos arrancarmos a vergonha sobre nós. E que a cidadania não foi Vossa, mas de tod@s os que por ela fizemos. Para sabermos que havia tanto e tão pouco a fazer pelo que fomos, somos e seremos.
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