Nem sempre vale a pena conversar. Mas seguramente esta foi uma das vezes em que encontrei sentido para que o fizéssemos. A negra atmosfera, depois do colorido cinematográfico, que não deixa de mostrar o menos colorido, trouxe-nos à cor em que ainda vivemos. Trouxe-nos ao negro que envolve vidas vividas e outras que tentam acompanhá-las. Trouxe-nos ao negro dos insuportáveis processos que não se processam, ao negro da incessável procura de nós quando não nos servem algumas impostas peles, ao negro das tantas impossibilidades de dizer que estamos aqui. Fez-se mais negra a cor pelo silêncio de nós, que é sempre silêncio perante o grito de quem se recusa a vestir o que não lhe assenta. Por haver quem tivesse gritado, uma e outra vez, no aviso do possivelmente repetido medo, sem justa justiça, sem eco audível quando genuinamente consideradas as dores.
Por isso tentámos colorir. Com lápis de desejável lei, de contra-corrente à repressiva responsabilização psiquiatrizante, de dizeres críticos que nos façam sentir as dores e revolvê-las, de um encantado(r) exemplo de mudança.
No fim da conversa, o coração cheio. Banhado em aquário também meu. Com estes e outros peixinhos. Que o coração, de cor vermelha, guarda vivos e a quem gostaria de dar águas mais doces.
Por isso tentámos colorir. Com lápis de desejável lei, de contra-corrente à repressiva responsabilização psiquiatrizante, de dizeres críticos que nos façam sentir as dores e revolvê-las, de um encantado(r) exemplo de mudança.
No fim da conversa, o coração cheio. Banhado em aquário também meu. Com estes e outros peixinhos. Que o coração, de cor vermelha, guarda vivos e a quem gostaria de dar águas mais doces.
5 comentários:
É sempre com gosto que leio os seus posts, embora muitas vezes o faça mantendo o silêncio.
Creio contudo, que a forma inteligente com que abordou uma problemática tão dificil, me obriga a dar-lhe os meus parabéns.
A matéria que trata é ainda para mim algo que não faz parte dos meus pensamentos e reflexões habituais.
Sei apenas que: Todos temos o direito a ser felizes! Que quem não se sente bem com o seu próprio género, deve viver num imenso sofrimento! Que nesse sofrimento as pessoas devem ser ajudadas e não maltratadas!
Que a sociedade não pode contibuar a promover uma cultura de ódio para aquilo que não conhece nem consegue compreender!
Parabéns pela qualidade desta e das suas restantes intervenções!
Obrigada por ter estado connosco, foi uma noite e uma conversa para lembrar. Sei que gostei, sei que outros gostaram, e sei que temos de voltar a repetir.
Porque o mundo não muda todo de uma só vez, mas se mudarmos o coração de uma pessoa só, já valeu mais que a pena.
Um abraço muito grande.
E faltou só o ponto de exclamação depois do abraço, por isso cá fica outra vez - um abraço muito grande!
Mais uma vez, com senso me sinto acompanhado. O agradecimento à leitura e ao comentário pode talvez ser melhor se disser que verdadeiramente gosto do respectivo blog e que aprendo quando o visito. A matéria não faz parte da nossa vida diária. Algumas e alguns de nós são mais conscientes disso, outras e outros são-no menos. Disse-nos alguém que a ignorância conduz à exclusão, mas que de modo algum deve justificá-la. Disso vale muito, muito a pena lembrarmo-nos quando conversamos, aqui ou noutros lugares de honestas vontades.
Os abraços, anónimos e com a beleza de designar o ponto de exclamação, fazem valer tudo isto e o que possa vir.
Que então se repita, para que muitos males se repitam cada vez menos! E o ponto de exclamação ganha neste ensejo toda a imensidão possível. Vosso.
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