quarta-feira, 19 de março de 2008

Namoro VERSUS Parceria




O rapaz do meu coração foi ao médicO. Não se nega que o referido profissional tenha tido a decência MÍNIMA de lhe perguntar como ia de companhia amorosa, o que nos tempos que ainda NÃO correm já não é mau. Mas também não se nega que tenha o médicO um género, que (in?)conscientemente diferenciou para designar tal companhia. O rapaz do meu coração ouviu ser-lhe perguntado (a questão tinha sentido, a forma não) se tinha “namoradA OU pareirO”. Pois fez o senhor doutor aquilo que a gente já sabe que os senhores doutores fazem: esquecer o género quando lhes interessa, afirmá-lo discriminadamente quando não lhes interessa.
Mas a gente até sabe mais – que de interesse ou não interesse não se trata, mas sim da insuportabilidade (imperdoável para que qualquer profissional saiba o que anda a fazer) da leveza que o ser deve possuir quando de amor se trata. Da insuportabilidade de perceber que o amor esbate o género na nuvem terna que o envolve. Falta saber se o médico tem namoradA, namoradO, parceirA, parceiro, se lhes troca o género e se é capaz de olhar para si mesmo quando não consegue aproximar-se dos utentes ao contrário do que Hipócrates lhe quis ensinar mas não conseguiu. Não falta saber que é apenas uma das tantas pessoas que continuam a chamar-se profissionais sem conseguirem sê-lo como deve ser. Nem falta perceber que o rapaz do meu coração tenha dado por si, logicamente, a ter que me contar o episódio que retrata cada um dos dias em que continuamos a não funcionar.

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