Não sei bem o que me diz a igualdade. Nem mesmo saberei se ela é exactamente possível, ou se ela será mais possível do que a diferença que em nós habita. Sei, talvez de forma menos incerta, que há muito tempo damos por nós a balizar o pensamento e a vida entre o igual e o diferente. Como sei que é provável a chegada do momento, para alguns e algumas (se não para muitos e muitas) de nós, em que este balizamento perderá sentido.
A igualdade com que vivo é a do abraço tão necessário quanto saudoso, do beijo que apetece depois de não ter apetecido tanto, do desencontro entre o querer e o não querer, do choro e do riso quando acontecem, da subterrânea constância que o ser amado me assegura, da marcha mais ou menos recôndita mas sempre quotidiana do meu orgulho, da vergonhosa vergonha que não conseguem fazer vingar sobre mim. A igualdade com que vivo sopra no horizonte das crenças sem as quais não viveríamos, faz-se pluma no vento que é preciso alimentarmos em nós, finge apenas desvanecer-se quando nos violentam o que não queremos desvanecer e bebe da água que só o querermos ser quem somos faz jorrar. A igualdade com que vivo é incessante na insatisfação com a diferença, essa marca que impede que antes de todas as etiquetas estejamos nós, essa contra-marcha que não se deu ainda conta de que marcharemos, mais ou menos visivelmente, pelas igualdades que a passo e passo cada um e cada uma de nós saberá que lhe vai assistido.
A igualdade com que vivo seria falsa se não fosse quase infinitamente constelada de diferenças. As minhas e as de outrem, as de ontem, as de hoje e as de até. A igualdade que me move já não sabe que nomes pode ter, depois de ter tido tantos e antes de já não saber ter nenhum. Essa é a marcha mais ininterrupta que pode alimentar-nos a vida: feita do céu azul da liberdade, do esbatimento entre a igualdade e a diferença, do sorriso vingado sobre tantas e tão longas torturas, do passo tão singular quanto acompanhado, dos amores que só as miríades quase abarcam, do caminho na procura de sermos cada vez menos o que não somos.
A igualdade com que vivo é a do abraço tão necessário quanto saudoso, do beijo que apetece depois de não ter apetecido tanto, do desencontro entre o querer e o não querer, do choro e do riso quando acontecem, da subterrânea constância que o ser amado me assegura, da marcha mais ou menos recôndita mas sempre quotidiana do meu orgulho, da vergonhosa vergonha que não conseguem fazer vingar sobre mim. A igualdade com que vivo sopra no horizonte das crenças sem as quais não viveríamos, faz-se pluma no vento que é preciso alimentarmos em nós, finge apenas desvanecer-se quando nos violentam o que não queremos desvanecer e bebe da água que só o querermos ser quem somos faz jorrar. A igualdade com que vivo é incessante na insatisfação com a diferença, essa marca que impede que antes de todas as etiquetas estejamos nós, essa contra-marcha que não se deu ainda conta de que marcharemos, mais ou menos visivelmente, pelas igualdades que a passo e passo cada um e cada uma de nós saberá que lhe vai assistido.
A igualdade com que vivo seria falsa se não fosse quase infinitamente constelada de diferenças. As minhas e as de outrem, as de ontem, as de hoje e as de até. A igualdade que me move já não sabe que nomes pode ter, depois de ter tido tantos e antes de já não saber ter nenhum. Essa é a marcha mais ininterrupta que pode alimentar-nos a vida: feita do céu azul da liberdade, do esbatimento entre a igualdade e a diferença, do sorriso vingado sobre tantas e tão longas torturas, do passo tão singular quanto acompanhado, dos amores que só as miríades quase abarcam, do caminho na procura de sermos cada vez menos o que não somos.