Breve história: saída de casal gay à noite do Porto. Noite sem novidade, porque já não pode tê-la. Aparece um rapaz alcoolicamente dançante, tão bem disposto quanto lúcido. Quer, nessa boa disposição, oferecer uma dedicatória, escrita num papel qualquer, desde que possa escrevê-la. Transforma a dedicatória em palavras para o casal. Segue-se um laivo de mais acesa lucidez por parte do rapaz: “na noite é isto, ou fodes ou estás desesperado por foder e não consegues; porque a vida é assim – ou sublimas ou destróis”.
Valha-nos tal riqueza na perpétua pobreza da noite.
2 comentários:
"Tenho uma simpatia pela noite - disse Owen. - As coisas do mundo deixam de ser abstractas. Todos estratos e distinções desaparecem na escuridão. A noite é contínua"; "A escuridão torna-nos sentimentais". Não sou eu que comento. É Don Delillo. Estou a ler, em simultâneo, "Os Nomes" e o seu livro "Homossexualidades...". Estou a gostar muito dos dois. Isto é um obrigado. Nelson B.
Ainda que virtualmente, é muito franco o agradecimento que deixo, Nelson, desdobrado no agrado pela oferenda das palavras de Owen (au point!) e no apreço pela leitura do livro. Todos os feedbacks sobre o que escrevo, aqui ou noutros lugares, são muito bem vindos. Só por isto, a edição teria valido a pena.
Bem-haja.
Nuno Carneiro
Enviar um comentário