sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Y Viva (?) España.




Fez parte das minhas tão merecidas férias uma saltada até Vigo. Ares frescos desejados, vontade de ler jornais que não os lusos, tão somente dispor de outras paisagens, reconhecendo que nem sempre estou atento às paisagens que todos os dias me cercam. Espanha é, para mim, maravilhosa na língua, nas melhores recordações da infância, no encontro quotidiano que (assumido o estereótipo) mesmo os galegos sabem marcar pelas ruas. Adoro Espanha, sem orgulhos nacionalistas (nem os do país em que nasci nem os de outro país qualquer). Simplesmente porque me sinto em casa, mais em casa do que na casa em que me vejo necessitado a viver (isto, só por si, comprova a ausência de nacionalismos). Mas não há como negar que da formalidade à prática vão ainda muitos, muitos passos.
As fotografias dão conta da atroz semelhança com a nossa realidade (melhor dizendo, com a nossa falta de realidade). Chegado, li a revista Zero e comprovei que apesar das leis (casamento, coisa e tal), os ataques homófobos quadruplicaram num ano (diz Eduardo Mendicutti, que sempre gosto tanto de ler). Revi o que já tinha sabido em Espanha – que uma jornalista espanhola foi despedida da COPE, cadeia radiofónica que a pôs no olho da rua pelo facto de ter casado com uma mulher. As vergonhas podiam continuar a ser inventariadas, naturalmente. O que fica é a corroboração de que não bastam as leis. Já o sabemos, mas foi uma constatação reforçada de férias. Casemos (ou não), mas sobretudo possamos democraticamente viver. Em vez de sobreviver. E era o que mais faltava darmos graças por não morrer (embora tenhamos de pensar nisso). Haja, ao menos, resposta à tentativa de sensibilização da faixa da janela. Ah pois somos cúmplices, somos.
¡Qué lastima, cariños!


PS - outra corroboração foi a sensibilidade (para lá de fotográfica) de M(i)M(i).

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