Um cheirinho, para aguçar apetites:
"A ironia romântica e a melancolia são inseparáveis. Ser melancólico é viver numa dúvida perpétua, numa confusão persistente. Essa vaga desorientação, se for vista de uma forma adequada, não é um fracasso do conhecimento. É, ao invés, uma disponibilidade honesta para aceitar o facto de que nunca podemos saber nada em definitivo, que somos inevitavelmente ignorantes da verdade no seu todo. Ao aceitarmos esta conclusão, temos muitas vezes de suportar um pesaroso limbo. Mas também ficamos abertos à veloz interacção entre as oposições da vida e a possibilidade de compreender, ainda que brevemente, a natureza da interacção. Essa abertura é necessariamente irónica, porque nunca adopta com sinceridade qualquer interpretação, ou qualquer antinomia. Esta posição em aberto é, de facto, brincalhona, quase inocente, perfeitamente sintonizada com a possibilidade, a ambiguidade irredutível da experiência, os incertos e trôpegos murmúrios do tempo".
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